C A Estudo De Loja De Departamento
PELA PRIMEIRA VEZ, A MULTINACIONAL HOLANDESA FALA SOBRE SUA HERANÇA CRISTÃ, O MARKETING ABUSADO, A FORMAÇÃO DE EXECUTIVOS – E OS NÚMEROS QUE LHE GARANTEM A LIDERANÇA NO MERCADO DE MODA inShare21 (FOTO: PAULO VARELLA)
Conhecer a C&A é, antes de ser um prazer (como sugere o seu slogan), um tremendo desafio. Sabe-se dela apenas o que está à vista: as lojas sempre movimentadas, a profusão de roupas e acessórios para mulheres, homens, adolescentes e crianças, as inevitáveis filas nos caixas provocadas por preços atrativos para produtos populares com uma pegada – vá lá – mais fashion, o logo vermelho e azul com as iniciais brancas... Para alguns é a loja da Gisele Bündchen. Para outros, é a loja do Sebastian, que durante 20 anos foi a cara (e o jeito de abuse e use) da marca no Brasil. Esta é a C&A da vitrine, a que está exposta aos consumidores, presente na maioria dos shopping centers e onipresente nos comerciais de tv. Mas há a outra C&A, misteriosa, quase uma sociedade secreta, uma empresa com 172 anos de existência da qual se sabe muito pouco. A C&A sempre se empenhou em manter blindados do público, no mundo todo, seus resultados financeiros oficiais, assim como os bastidores da cultura paternalista e fortemente influenciada por princípios cristãos – características que vêm de três séculos atrás, quando os antepassados de Clemens e August Brenninkmeijer (o C e o A) vendiam produtos de porta em porta na pequena Mettingen, na Alemanha.
Pois é este império, dono de um faturamento mundial estimado em mais de 9 bilhões de euros (cerca de R$ 27,4 bilhões) e presente em 23 países, que NEGÓCIOS desvenda, pela primeira vez na história, abaixo. Como é a sua operação no Brasil? Quanto fatura? Quem manda? Como inova? Em suma, o que é o “jeito de ser” C&A?
Para obter essas respostas, passei os últimos cinco meses na caça de informações. Entrevistei tanta gente – mais de 30 pessoas, entre ex-funcionários, consultores, analistas de mercado,