As consequências da industrialização no século XIX europeu
O livro “Londres e Paris no século XIX: O espetáculo da pobreza” trata de uma bela e imparcial junção de diversas obras de escritores franceses e ingleses do século XIX, como por exemplo Victor Hugo, Baudelaire, Zola, Dickens e Alan Poe, que saíam às ruas de suas respectivas cidades para observar os acontecimentos diários das diversas classes sociais de Paris e Londres. A autora Maria Stella Martins Bresciani, doutora em história pela USP e professora do Departamento de História da UNICAMP, traz diversas imagens durante a obra para facilitar o entendimento e o imaginário do leitor sobre a realidade nessas duas cidades. Ela também traz interessantes comparações a outros fatos históricos ao longo do texto. Essa necessidade de retratar o dia-a-dia era um objetivo comum aos literatos da época, os quais queriam mostrar o real europeu, devido ao aumento no número de cidadãos letrados.
Uma classe social representada que chama a atenção é a multidão. Dentre os vários autores muito bem abordados por Maria Stella, aquela remetia a uma ideia de caos, correria, trabalhadores atarefados andando pelas ruas londrinas e parisienses. Nesse contexto, o tempo útil do trabalho comandava o cotidiano da sociedade. À noite a multidão era outra: prostitutas, jogadores e ladrões. Uma parte da literatura daquele período usava imagens como o inferno para explicar as mazelas da multidão. Como diria Shelley, “O inferno é uma cidade semelhante a Londres.” (p. 22). Há uma clara contradição entre o dia e a noite. A autora permanece imparcial nesse sentido, apresentando ao leitor diversas leituras sobre a noite. Além disso, esses cidadãos viviam em condições de sujeira e falta de higiene. Londres e Paris passavam pela teoria da degeneração urbana. A Inglaterra, industrializada, seguia se desenvolvendo e principalmente tendo sua população aumentada, e esses fatos levavam a um alto custo social, difícil situação para a época. Assim,