A “consciência” como um suposto antídoto para a violência1
2007, Vol. IX, nº 1, 27-44
A “consciência” como um suposto antídoto para a violência1
The “conscience” as a supposed antidote for the violence
Marcus Bentes de Carvalho Neto2
Universidade Federal do Pará
Ana Carolina Pereira Alves
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Marcelo Quintino Galvão Baptista
Universidade Federal do Pará
Resumo
Skinner sistematicamente descreveu o mentalismo como um obstáculo para a resolução dos problemas humanos.
Segundo ele, a adoção desse modelo explicativo acabaria por encobrir as variáveis críticas, acessíveis e manipuláveis, que estariam na base da produção e/ou manutenção dos problemas sociais, especialmente os comportamentais. O presente trabalho descreve um caso real no qual tal modelo explicativo mentalista foi usado por um Ministro da
Justiça brasileiro como referencial para tentar compreender um fenômeno comportamental complexo (a violência), e de como a adoção desse modelo acabou por direcionar um tipo particular de política pública de intervenção
(aumentar a conscientização da população). Discutem-se os conceitos de violência e de consciência a partir do instrumental teórico analítico-comportamental, contrastando diagnósticos e soluções indicadas por cada alternativa teórica. Palavras-chave: violência; consciência; análise do comportamento; behaviorismo radical; coerção
Abstract
Skinner sistematically described mentalism as an obstacle to the resolution of human problems. According to him, the adoption of this explanatory model hides accessible and manipulable critical variables, which are responsible for the production and for the maintenance of social problems, specially the behavioural ones. This paper presents a real case where this mentalistic explanatory model was used by the Brazilian Minister of Justice in order to understand a complex behavioural phenomenon (violence) and how the adoption of this model conducted to a particular kind of public policy of