a “conquista espiritual da Amazônia"

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Nas primeiras décadas do século XVII, começava a “conquista espiritual da Amazônia”. As diversas ordens que agiram na região, como, por exemplo, franciscanos, jesuítas e carmelitas, tinham muitas diferenças existentes entre elas no que diz respeito à estrutura interna, às referências dogmáticas, às práticas apostólicas e à forma com que se relacionavam com a política portuguesa. Tais diferenças nutriam uma constante concorrência pelo privilegio de missionar nas aldeias do Antigo estado do Maranhão, região que hoje corresponderia a toda a Amazônia Legal, e resultavam em confrontos diretos ou disfarçados, mais ou menos graves de acordo com o cenário político/social específico em que eles ocorriam.
Com o estabelecimento da custódia do Maranhão, separada da custódia de Pernambuco no processo de criação do novo Estado em 1621, o primeiro apostolado, de fato, foi o Franciscano, em 1624. Em pouco tempo, franciscanos conseguiram obter benefício da residência prematura em relação aos poucos jesuítas e carmelitas existentes e receberam a predileção de vários moradores que preferiam os franciscanos a outras Ordens religiosas em função de sua declarada ética da pobreza (argumento eficaz quando utilizado contra os padres da Companhia de Jesus, culpando os aliados dos jesuítas pela carência de índios e pobreza generalizada na Conquista).
A partir do final da década de 1620 e durante toda a década de 1630, os padres da Companhia de Jesus, conscientes dos ganhos inerentes ao diálogo entre o exercício dos votos espirituais e a ação temporal, aliaram-se com importantes membros da família Albuquerque Coelho, garantindo – mesmo sem permissão do rei – grandes privilégios em relação a franciscanos e carmelitas, partindo para uma política mais agressiva com objetivo de disputar o espaço antes de exclusividade franciscana baseando-se nas orientações do texto das Constituições de
Santo Inácio, onde caberia aos padres uma devida participação nos negócios de governo, por

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