A ética e a responsabilização
Para Hegel, a eticidade pergunta pela "autodeterminação" da vontade. Pelos propósitos e intenções que movem o sujeito agente. A responsabilização, do ponto de vista subjetivo, portanto, exige a presença destas duas condições: o saber e o querer (o reconhecimento e a vontade). Na exteriorização a vontade reconhece como seu o que ela soube e quis fazer. Só um ato livre pode ser responsabilizado. É o direito de saber que cada indivíduo tem.
Se a preocupação principal de Kant é estabelecer o princípio supremo do agir, a de Hegel, na moralidade, é determinar as condições de responsabilidade subjetiva e, na eticidade, mostrar o desdobramento objetivo das vontades livres. O primeiro está mais preocupado com os princípios do agir; o segundo mais com os desdobramentos, circunstâncias e conseqüências do mesmo. As conseqüências e os resultados não são ignorados por Kant. O que não podem é servir de fundamento do princípio supremo da moralidade.
É claro que toda ação, ao concretizar-se, pode ter inúmeras conseqüências. Não se pode, portanto, ser responsabilizado por algo do qual não se tinha conhecimento. Só me pode ser imputado o que eu sabia acerca das circunstâncias de uma ação. No entanto, é preciso considerar que há conseqüências necessárias diretamente ligadas às ações e que nem sempre poder ser previstas. Um incêndio deliberado pode estender-se além do que o seu autor havia previsto.
Diferentemente de Kant, o qual elabora uma ética das intenções, Apel (Karl-Otto Apel) pensa uma ética da responsabilidade, isto é, uma ética que leva em conta as conseqüências e efeitos colaterais dos atos dos sujeitos agentes. O meio pelo qual se chega a normas consensuais na moral e no direito é o discurso argumentativo, exercido por todos os indivíduos. Isso os tornará co-responsáveis pelas conseqüências de suas ações.
Numa perspectiva hegeliana, a insuficiência de Kant está no fato de ele ter permanecido no plano da moralidade subjetiva, quando da