A áfrica à margem da globalização
As relações com África serão uma prioridade da Presidência portuguesa da União Europeia. Portugal tem laços antigos e fortes com vários países africanos a sul do Sara. Essa circunstância histórica dá credibilidade ao nosso país quando na Europa comunitária se debatem temas relacionados com África. A UE tira vantagem do capital de conhecimento e capacidade de relação que Portugal possui quanto aos países africanos. E estes lucram com terem em Bruxelas uma voz que pode chamar a atenção para os seus problemas.
O facto é que África é hoje um continente que conta pouco na cena internacional. Sobretudo, ficou à margem da globalização. Enquanto a entrada da China, da Índia e de outros países asiáticos no mercado mundial arrancou centenas de milhões de pessoas à miséria, o isolamento de África levou a que, no último quarto de século, o número de pobres tenha duplicado neste continente.
É, por isso, urgente fazer com que África entre na economia mundial, cada vez mais globalizada. O que implica abrir os mercados da UE às exportações africanas. Alguma coisa já se progrediu nesse caminho, mas o proteccionismo da política agrícola europeia continua a travar muitas importações que poderiam vir de África.
E importa atacar alguns problemas urgentes. A doença, desde logo. Bastariam 1,5 milhões de euros (o que os EUA gastam em armas durante quatro dias...) ao longo de cinco anos para erradicar a malária daquele continente — basicamente graças à generalização do uso de mosquiteiros. E a sida está a reduzir a população de vários países em África. É uma tragédia humana e um desastre económico.
A ajuda dos países ricos aos africanos, nomeadamente por parte da UE, tem ficado aquém das promessas. Por exemplo, das que foram feitas na reunião do G8, na Escócia, há dois anos.
No início da recente reunião do G8, na Alemanha, o Papa Bento XVI recordou ter agradecido a Angela Merkel, em nome da Igreja Católica, a decisão de manter na agenda