A África Subsaariana
O estudo do processo de escravização dos povos africanos é essencial para que se compreenda a situação atual de desigualdade no planeta. Revela um caso terrível, e longo, de exploração e subjugação de populações fragilizadas por outras, mais equipadas. Demonstra também que a desestruturação econômica e cultural tem efeitos desastrosos de longa duração.
Este trabalho procura exemplificar a riqueza e a complexidade da história da humanidade, na transição do modo de produção escravista para o modo de produção capitalista. Do ponto de vista econômico, a escravidão foi uma forma eficiente de propiciar a acumulação de capital. No que diz respeito às pessoas foi uma violência irreparável, que pressupõe, dentre outros fatores, a existência de povos muito pobres, mão-de-obra excedente que possa ser explorada em benefício de outros, poucos. Assim, parte do atual contexto socio-econômico da África de miséria e exclusão, é conseqüência de fatos passados.
Antes da chegada dos europeus, os povos do continente africano estavam organizados em clãs e reinos, um pouco semelhantes às nações ameríndias. Havia grande diversidade entre eles em aspectos físicos, características culturais, integrantes, etc.
Exemplos dessa diversidade: tribos caçadoras-coletoras; outras a margem de rios com agricultura (queimada; plantio de arroz e inhame – praticada por escravos e camponeses livres) e organização em reinos (Gana e Mali). Guerreavam entre si: prisioneiros de guerra eram escravizados; fazia-se o comércio de escravos africanos para países islâmicos nos mares Mediterrâneo e Vermelho. Uso do ferro associado ao cultivo de cereais, criação de gado e cerâmica. Por volta do século IX, os muçulmanos quebraram o isolamento da Europa e Oriente, atravessando o Saara buscando riquezas e conversão ao islamismo. Mercadores e viajantes muçulmanos levavam para a África Negra do Sul, artigos de luxo e sal, recebendo em troca, artigos de couro,