A S ociologia do Corpo
Petrópolis: Editora Vozes; 2006. 104 pp.
ISBN: 85-326-3327-7
“Antes de qualquer coisa, a existência é corporal” (p. 7).
Este livro de David Le Breton tem uma contribuição significativa no que diz respeito aos estudos de corpo, especialmente na vertente sociológica. A corporeidade humana, fruto de indagações e questionamentos de diversas áreas do conhecimento, como a antropologia, história, filosofia e as ciências da saúde, tem neste livro sua análise voltada aos aspectos sociais e culturais, em que a dimensão simbólica do corpo e suas representa- ções pelos atores são centrais para a sua compreensão.
Na introdução, o autor argumenta que a existência corporal está imbuída no contexto social e cultural, o canal pelo qual as relações sociais são elaboradas e vivenciadas. Diante disso, a sociologia está perante um campo com inúmeras possibilidades de pesquisas, dentre elas, as investigativas acerca das representações e dos imaginários, no âmbito individual e coletivo, que os atores constroem acerca do corpo.
É dentro desse arcabouço teórico que o livro de Le
Breton se desenvolve em todos os capítulos. Existe a preocupação com as representações dos atores e o corpo olhado e pesquisado na dimensão social e cultural, em que: “o processo de socialização da experiência corporal é uma constante da condição social do homem”
(p. 8).
No primeiro capítulo, são sintetizadas as principais abordagens do estudo do corpo pela sociologia no sé- culo XIX. Os estudos sobre o corpo têm a contribuição de Marx, Engels, Villermé e Buret. Ao analisar as condi- ções de trabalho no início do capitalismo, Marx e Engels, apesar de não se debruçarem especificamente às análises do corpo, pensaram a Revolução Industrial e suas repercussões à vida e à saúde da classe trabalhadora. Nessa ótica, o corpo é visto de modo atrelado às mudanças econômicas e sociais dessa época. Se, por um lado, o materialismo