A A confiança em sua expressão ética
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Do ponto de vista de sua expressão ética, a confiança é o terreno moral que, partindo de nossa intimidade, se estende até circundar o que forma o conjunto de nosso ser. Assim, o espírito, a alma, a mente e o corpo se acham penetrados dessa essência moral que constitui, em resumo, o fundo característico de toda individualidade.
Temperando o ânimo na experiência e aquilatando os valores da inteligência em inequívocas atuações, consegue-se a confiança em si mesmo. Deve-se perceber com rigorosa nitidez a própria maneira de ser e adequar o conhecimento às exigências do esforço. Em poucas palavras: deve-se alcançar em grau máximo a certeza de se sentir capaz em relação ao que se pode fazer.
A confiança em si mesmo tem de significar a prova de uma justa avaliação; o culto às condições e à capacidade, sem cair na egolatria nociva.
A confiança que inspira a amizade sincera, similar à da família, fundamenta-se na reciprocidade do afeto e do conhecimento pessoal.
Desde o simples conhecido até o amigo verdadeiro, existe uma escala de graus no vínculo que os aproxima, vínculo suscetível de alterar-se por qualquer motivo, enquanto não se manifeste o apreço e a consideração como uma afirmação do conceito mútuo. A confiança é, então, produto da garantia moral que cada um se outorgue.
O ruim é quando se desvirtua ou se desnaturaliza o conteúdo nobre e sadio de tudo quanto a palavra confiança encerra. Daí surgem abusos que tanto afetam o decoro e a integridade humana, além dos prejuízos que costumam ocasionar por rigorosa consequência. É muito comum observar a quantidade de pessoas que, sem consideração alguma, tomam uma confiança que muito longe estava de lhes ser concedida. Não deixa de ser este um curioso aspecto da psicologia humana. Nos seres de escassa cultura ou instrução, geralmente se percebe essa tendência, provocando, em muitas circunstâncias, incidentes