A voz e suas funções
Helena de S.N. Wöhl Coelho
Dentre os muitos conhecimentos e recursos necessários aos "profissionais da voz" (cantores e coralistas, atores, padres e pastores, locutores, políticos e professores) no bom desempenho de suas funções, um dos mais importantes e no qual menos se investe é a sua voz. Segundo estatísticas conhecidas, as disfonias se encontram encabeçando a lista das causas de licenças de saúde e de aposentadorias precoces entre eles. A carga horária excessiva, a vida agitada e sem método, o mau uso e, sobretudo, a ignorância sobre suas próprias potencialidades vocais tem sido fatais a muitos desses profissionais.
A voz é o resultado sonoro de um instrumento que exige cuidados: nosso corpo. Antes de tudo, uma voz só é boa se provém de um organismo sadio. A boa alimentação, o repouso equilibrado, os bons hábitos, a ausência de vícios e a disciplina são fortes fatores indispensáveis a quem deseja ter uma boa voz. Também a saúde e o equilíbrio psicológico são fundamentais. Assim como a voz é o resultado sonoro de nosso corpo, também é um código de expressão da alma. A voz revela nossas impressões mais profundas através de seu timbre, seu volume, sua forma de emissão enfim. Quando trabalhamos com a voz de alguém, colocamos em jogo o seu esquema de valores, toda a sua filosofia de vida e toda a sua cosmovisão.
Objetivamente falando, a voz é um som laríngeo, apoiado na respiração, amplificado nos ressoadores e modelado nos articuladores. Nem sempre o homem falou. Em tempos remotos, acredita-se que sua comunicação se desse apenas por ruídos rudimentares, à semelhança dos animais. Mas a civilização foi se desenvolvendo pela evolução da inteligência e, com ela, foram se tornando mais específicas as exigências de comunicação. Isso afetou a voz, pois o homem logo se apercebeu que poderia transformar aqueles ruídos primitivos em precioso fator de comunicação. Num primeiro momento, todos os elementos