A virtude segundo Platão
Para descobrir ou entender a natureza da virtude em Platão, é necessário saber que a virtude na ética platônica possui três fases. A primeira trata da virtude a partir da visão socrática (fase da juventude de Platão); nesta, a razão é o parâmetro para as questões do homem e o conceito de virtude se coincide com o de conhecimento. O argumento é pautado na ideia de que a alma (o lócus da virtude e do vício) é a essência do homem e, sendo ela inteligência, a virtude passa a ser uma consequência dessa inteligência; portanto a virtude é conhecimento. Assim, se virtude é conhecimento, ela se resume em uma só, é única (o conhecimento é o que unifica todas as virtudes).
A segunda fase leva á suspeição do intelectualismo socrático, pois Platão caracteriza em seus novos diálogos (principalmente em A República) as virtudes como partes de um todo, mas distintas entre si e suas funções estariam relacionadas à divisão da alma como também as classes da cidade ideal. Cada classe possui uma tarefa própria a cumprir: a parte apetitiva, que produz os desejos básicos de cada ser, necessita da virtude temperança, para que seus desejos não se tornem vícios e coloquem em risco o projeto de justiça do Estado platônico. A parte irascível, que produz os desejos da honra e da política, além da ira, deve ser controlada pela coragem. Contudo, todas elas devem ser controladas pela parte racional, que tem como prioridade a busca do conhecimento; seu desejo é conhecer a verdade. É esta parte que promove, a partir do saber, o que as outras devem executar para o bem de si mesmas e do todo. Quando isto acontece, então se evidência a ação da justiça (concepção da virtude como uma unidade que se harmoniza pelas diferenças).
A última fase se refere à questão do ensino da virtude ou mais precisamente à possibilidade do ensino das virtudes. Em o diálogo Mênon, o que se pode concluir é a negação da possibilidade do ensino da virtude, mesmo deixando em aberto a mesma