A violência na vida dos brasileiros
Isabel Clemente, José Fucs, Solange Azevedo e Suzane Frutuoso
22/01/2007
Um dos efeitos mais cruéis da onda de crimes é o medo que se espalha entre as pessoas. Disso não escapa nem quem jamais foi vítima de criminosos.
O engenheiro Rodrigo Corbera, de 36 anos, de Campinas, maior cidade do interior de São Paulo, conta que sua mulher, Carla, de 32, morre de medo de sofrer um seqüestro-relâmpago junto com o filho, nascido há seis meses. Para que Carla se sentisse mais segura, Corbera diz que eles decidiram instalar programas especiais em seus telefones celulares. Os softwares, que custam em torno de R$ 20 por mês, permitem que cada um monitore o outro, em tempo real, pelo próprio celular ou pela internet. "O fato de a gente poder se localizar a qualquer momento nos dá uma sensação de que estamos mais seguros", afirma Corbera. "Quando nosso filho crescer e tiver de sair ou ficar em casa sozinho, isso vai ser muito útil. Minha cunhada tem um filho adolescente que usa o mesmo sistema."
A empresária Solange Lino, de 47 anos, dona de uma construtora e presidente da seção pernambucana do Secovi, a entidade que reúne as empresas do ramo, conta que o medo da violência também afeta de forma dramática a vida de sua família. Ela diz que, no ano 2000, resolveu deixar sua casa de 400 metros quadrados em Jaboatão dos Guararapes, junto com o marido e o filho, hoje com 19 anos, por causa da questão da segurança. Foi morar num apartamento duplex de 200 metros quadrados, no mesmo bairro, na região metropolitana do Recife. A casa tinha, segundo ela, sistema eletrônico de vigilância, sensor nos muros e um pastor alemão. Solange afirma que chegou até a contratar um segurança para tomar conta do imóvel. "Nada disso acabou com meu estresse e minha sensação de insegurança", diz. "Abrimos mão de morar numa casa, porque sentimos que estávamos vulneráveis. À noite, se a gente ouvia qualquer barulhinho, já imaginava que era algum