A violência doméstica/intrafamiliar
Para compreender e enfrentar a violência doméstica é preciso entender condições, situações e estilo de vida. No Brasil, nos últimos 20 anos, as enfermidades infecciosas vêm cedendo lugar às doenças crônicas e degenerativas e aos agravos provocados por violências e acidentes. As taxas de mortalidade e de morbidade, os estudiosos dão o nome de transição epidemiológica. Em busca de conhecer a epidemiologia desses eventos no Brasil, alguns dados coletados pelo Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo (LACRI/USP/2005), entre 1996 e 2004, o número dos casos notificados foi de 110.250. Esses dados envolvem todos os tipos de violência (física, sexual, psicológica, negligência e a fatal). De todos estes a negligência destaca-se com o maior índice com 44.890 casos. Apesar destes números, deve-se levar em consideração um alto índice de subnotificação desses casos pelos setores (Silva HO, Silva JS. Global/UNICEF; 2005. 299 p.)
Considerando esse fator, nos casos de violência infantil-juvenil no nosso país, a Sociedade Internacional de Abuso e Negligência na Infância (SIANI) realizou estudos sobre epidemiologia desses eventos e estes revelaram que, aproximadamente 18 mil crianças são vítimas de espancamento, a cada dia e 750 violentadas por hora e 12 por minuto (Leite F. 2005). O problema das violências, dos acidentes domésticos que trazem muitas vezes a violência camuflada, tem uma conotação de saúde pública e não mais meramente social (BARRETO; CARMO, 1995; OMRAM, 1971; NJAINE, Kathie, 2009). A violência afeta muito a saúde: ela provoca morte, lesões e traumas físicos e um sem-número de agravos mentais, emocionais e espirituais além de diminuir a qualidade de vida da coletividade; coloca novos problemas para o atendimento médico e evidencia a necessidade de uma atuação muito mais específica, interdisciplinar, multiprofissional intersetorial, visando às necessidades dos cidadãos. É dentro das famílias que tudo