A Vila Maria Zelia
INTERESSADOS E PONTOS DE VISTA
DIVERGENTES SOBRE SUA CONSERVAÇÃO
Ronaldo da Mota Vieira (UNIFAI/FACEQ) *
Resumo
Entre as vilas operárias que surgiram no início do século XX, todas com interesse de manter os funcionários mais próximo do trabalho, e por consequência, a disposição dos empregadores, a Vila Maria Zélia no bairro do Belenzinho em São Paulo, se destaca como modelo quase utópico, não fosse sua existência constatada e documentada, mantendo-se historicamente como única representante de um modelo socialista e ousado, defendido por seu idealizador e proprietário, Jorge Street, que revolucionou de forma ímpar, o relacionamento entre empregado e empregador de tal forma que, ainda hoje, moradores da Vila o defendem como um tipo de “santo” benfeitor sem igual na história. Entretanto, precisam ser analisados, de forma imparcial, os interesses que vão além do paternalismo de Street, que certamente tinha interesses que iam além do simples desejo de uma melhor divisão do lucro em prol da qualidade de vida dos operários ou idealisticamente, de fazer “justiça social”, o que ficou marcado na história pessoal dos moradores e seus herdeiros, hoje divididos entre os que querem, apenas, a reforma pura e simples de suas casas, e os que desejam a recuperação e restauração do local. Palavras-chave: Vila Maria Zélia. Bairros operários. Habitações populares.
Comunidades. São Paulo.
Introdução
A Vila Maria Zélia foi idealizada e construída na Década de 1910, pelo médico carioca e industrial Jorge Street para servir como moradia dos operários da fábrica de tecidos Companhia Nacional de Tecidos da Juta, de sua propriedade. Durante a construção, Street procurou assegurar, toda infraestrutura necessária a uma vida em
*
Bacharel em Biblioteconomia pelo Centro Universitário Assunção (UNIFAI) com pós-graduação em
Gestão de patrimônio e cultura, poeta e autor de diversos livros. É responsável pela Biblioteca da
Faculdade Eça de Queirós – FACEQ.
1