A vida é um sopro
Leia abaixo trechos da entrevista.
Como foi a criação de Brasília?
A primeira vez que ele foi a Brasília, eu fui junto, de avião, com os ministros dele. E eu fiquei espantado, achei longe demais, o fim do mundo. E realmente quando começaram os trabalhos e tive que ir para Brasília, era uma solidão terrível. A gente não tinha comodidade nenhuma para viver, ficava nuns barracões de zinco. Mas havia entusiasmo, vontade de fazer a coisa. E Juscelino se empenhava, estava presente.
Quanto o senhor ganhou para fazer Brasília?
Eu ganhava em Brasília salário de funcionário. Então eu fechei meu escritório e Brasília só me deu prejuízo. Uma noite, durante os trabalhos, Juscelino me ligou e disse "Niemeyer, você está ganhando muito pouco, eu quero que você faça os projetos do Banco do Brasil e do Banco de Desenvolvimento Econômico pela tabela do Instituto de Arquitetos". Eu disse: "Não, não faço. Sou funcionário, não faço trabalho que não seja os que tenho que fazer aí mesmo."
Que importância teve o arquiteto francês Le Corbusier no seu trabalho?
Acho que ele foi um arquiteto muito importante. Mas a minha arquitetura foi diferente, muito diferente da dele. A dele era mais pesada, predominância do ângulo reto... Acho que a única influência que eu tive dele foi no dia que me disse: "Arquitetura é invenção".
O tema das curvas é sempre recorrente em suas obras...
A curva no concreto surge naturalmente. Se você tem que vencer um espaço grande, a curva é a solução natural que o concreto armado pede. E o mundo é cheio de curvas. Até já fiz um verso elogiando as