a vida nos engenhos coloniais
Você não sabe o que é passar fome. Ganhar um prato mísero de comida, ficar longe da família. Eu choro todo dia, mas adianta? NÃO, eles não têm pena de ninguém, só querem saber de serem servidos infinitamente. Gasto dezoito horas para fazer o corte e a moagem da cana. Quando acabo já estou muito cansado e ainda tenho que ajudar o senhor em algumas tarefas da casa.
Dentro dos engenhos tem também a casa-grande (habitação do senhor de engenho e sua família), a senzala (habitação dos escravos), capela, horta e canavial.
Nós éramos muito forçados no trabalho. Era horrível. Nós pegávamos a cana-de-açúcar, moíamos ela para produzir cachaça e o açúcar.
Você não vai acreditar no tanto que era trabalhoso fazer um açúcar. Nós fazíamos muitas coisas antes de chegarmos ao simples açúcar. Olha o que era preciso fazer: colher a cana-de-açúcar, fazer a lavagem, extrair o caldo, fazer o pré tratamento dela, realizar a caleagem, fazer a decantação e filtração da cana- de-açúcar, deixa-la evaporar, cristaliza-la, centrifuga-la, deixa-la secar e, em fim o açucar estará pronto.
Nossa sociedade era assim: como um aristocrata, um soberano havia o senhor do engenho,e ele só nos maltratava e nos tratava mal. Haviam também os homens livres: que eram os senhores de terra sem engenho, carpinteiros, ferreiros, capatazes. E por útimo os outros como eu, os escravos. Mas tudo o que sinto é dor e mais dor, por tudo o que eu vivo diariamente.
Eu e o senhor não temos relação amigável. Ele me maltrata, me machuca, e o pior, que vocês já sabem, me faz de escravo.