a vida dos homens infames
A VIDA DOS HOMENS INFAMES
"A vida dos homens infames", Les cahiers du chemin, nº 29, 15 de janeiro de 1977, ps. 12-29.
A exumação dos arquivos do internamento do Hospital Geral e da Bastilha é um projeto constante desde a
História da loucura. Foucault trabalha e faz trabalhar nele várias vezes seguidas. De antologia – da qual esse texto era a introdução – o projeto tomou-se coleção em 1978, com "Les vies parallèles" (Gallimard), em que
Foucault publica o memorial de Herculine Barbin, depois, em 1979, Le cercle amoureux d'Henri Legrand, segundo manuscritos criptográficos conservados na Biblioteca Nacional, transcritos e apresentados por JeanPaul e Paul-Ursin Dumont. Contudo, em 1979, Foucault propõe à historiadora Arlette Farge – que acabava de publicar Vivre dans la rue à Paris au XVIIIe siècle (col. "Archives", Julliard/Gallimard) – examinar os manuscritos reunidos para a antologia. Dessa colaboração nasce Le désordre des familles (col. "Archives",
Julliard/Gallimard, 1982), dedicado às cartas régias com ordem de prisão (lettres de cachet).
Este não é um livro de história. A escolha que nele se encontrará não seguiu outra regra mais importante do que meu gosto, meu prazer, uma emoção, o riso, a surpresa, um certo assombro ou qualquer outro sentimento, do qual teria dificuldades, talvez, em justificar a intensidade, agora que o primeiro momento da descoberta passou.
É uma antologia de existências. Vidas de algumas linhas ou de algumas páginas, desventuras e aventuras sem nome, juntadas em um punhado de palavras. Vidas breves, encontradas por acaso em livros e documentos. Exempla, mas – diferentemente do que os eruditos recolhiam no decorrer de suas leituras – são exemplos que trazem menos lições para meditar do que breves efeitos cuja força se extingue quase instantaneamente. O termo