A vida de Alan Turing
Ele era franzino, tímido e meio excêntrico. Nunca empunhou uma arma, mas foi um dos personagens mais importantes da 2ª Guerra. Atrás de uma escrivaninha, Alan Turing, considerado o "pai da computação", encontrou a chave para decifrar os códigos usados em mensagens nazistas - e, graças a seu trabalho, os aliados desvendaram cada passo dado pelos inimigos, onde encontrar seus submarinos e até como deveria ser a reação alemã durante o Dia D. O mundo celebra este ano o centenário do cientista.
A comemoração tem gosto amargo. Turing era homossexual, condição considerada criminosa na Grã-Bretanha até 1967. Condenado, recebeu injeções de hormônios femininos, o que se conhece como castração química. Tinha 41 anos em 1954, quando, transtornado com as alterações em seu corpo e pela realidade em que vivia, deu cabo da vida comendo uma maçã envenenada, tal como Branca de Neve, de quem era fã. Como é possível que tanta gente nunca tenha ouvido falar dele? Uma resposta: o trabalho que o tornou famoso era tão secreto que, por décadas, nem mesmo os familiares dos envolvidos no projeto sabiam o que eles faziam. Outra: ele morreu cedo. A verdade sobre o cientista começou a vir à luz em 1983 com o lançamento de Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges (sem edição no Brasil). "Ele estava lá, no começo da computação, da inteligência artificial e fez um trabalho importantíssimo na 2ª Guerra", diz John Graham Cummings, especialista em computadores, responsável por um abaixo-assinado que resultou no pedido oficial de perdão do primeiro-ministro Gordon Brown, da Grã-Bretanha, em 2009.
Brown reconheceu a importância do trabalho de Turing durante a guerra e definiu o tratamento a que ele foi submetido de "terrível e desumano".
Desde pequeno, Turing chamava a atenção pelo talento para a matemática. Logo depois de formar-se em matemática em Cambridge, ele criou a máquina Turing, uma proposta teórica capaz de realizar