A Verdadeira T Cnica Da Psican Lise Requer Que O M Dico Suprima A Sua Curiosidade
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A verdadeira técnica da psicanálise requer que o médico suprima a sua curiosidade, e deixe ao paciente liberdade total para escolher a ordem na qual os tópicos sucederão um ao outro durante o tratamento (FREUD, 1976e, p. 177).Este artigo parte de uma reflexão sobre o tema da apresentação de pacientes a fim de interrogar o lugar e a função das imagens no trabalho psicanalítico. O dispositivo clínico da apresentação de pacientes, utilizado classicamente pela psiquiatria para fins diagnóstico, terapêutico e didático, é fonte de intensa polêmica desde a sua instituição nos meados do século XIX até os dias de hoje (JERUSALINSKY, 2008). Isso porque a exposição de um paciente a um público reanima o importante debate em torno da questão do lugar de objeto a que a ciência positivista reduz a subjetividade humana.
Foi a partir do ensino de Lacan que a psicanálise se apropriou de tal instrumento. Desde então, a discussão acerca da referida exposição tornou-se bem mais complexa, pois implica a consideração dos desdobramentos das diferentes bases epistêmicas que sustentam psicanálise e psiquiatria. Em outras palavras, trata-se de um debate concernente a essas duas áreas de produção de saber sobre as psicopatologias, suas aproximações e suas diferenças. No cerne desta discussão encontra-se, ainda, como buscaremos demonstrar, a questão do lugar e da função da imagem na relação do homem com a linguagem. Noção esta que esteve presente desde o início do ensino de Lacan no seu clássico "O estágio do espelho" e que constituiu a base do registro do Imaginário.1
Freud esteve presente nas famosas apresentações de pacientes protagonizadas por Charcot na Salpetriere, o que não foi sem relevância para a formulação de questões preliminares à psicanálise. Justamente questões que giram em torno do uso clínico das imagens, valorizadas por Charcot por meio de desenhos, pinturas e fotografias que reproduziam a sintomatologia histérica. As imagens, nesse caso, associavam-se à expressão dos