A verdade
Jédison Ronei Daltrozo Maidana “Daria tudo o que sei em troca da metade daquilo que ignoro”. René Descartes, 1592-1650.
Falar sobre a verdade é uma tarefa é inglória, e não tenho a pretensão de falar coisa alguma especialmente relevante sobre esse assunto, senão trazer minhas breves reflexões. Afinal, na eterna busca da verdade se resume toda a grande aventura do homem sobre a terra. Há uma curiosidade que nos é intrínseca, e que há centenas de milhares de anos compeliu o homem a abandonar as planícies da África e desbravar os continentes. Exploramos abismos, subimos aos picos mais altos e nos aventuramos no universo. Ao longo dessa trajetória, o homem vem cobrindo, descobrindo e redescobrindo o mundo em que vivemos. Não poderia eu resumir essa epopeia em breves palavras e nem seria eu a decifrar essa verdade oculta que vem inspirando a nossa espécie há milhares de anos. Também não seria eu minimamente capaz de ombrear tantos vultos notáveis que puseram todo o seu empenho ao longo da história da humanidade para discorrer sobre ela. Afirma Erasmo de Rotterdam1, que Cícero, pai da eloquência romana, costumava tremer e gaguejar como uma criança no início dos seus discursos, o que demonstra que conhecia o perigo a que se expõem aqueles que falam. Assim me encontro, consciente da minha insignificância ante a magnitude do tema do qual vou tratar, e sou movido, tão somente, pelo desejo instintivo de conhecer. Cabe aqui então uma inicial e séria advertência. E dois pedidos. A advertência é que se alguém se põe a procurar algo, deixa implícito que não o possui e que não sabe onde está. Sendo assim, necessariamente temos que considerar que tudo o que será dito não será mais do que especulação, esboço de verdades possíveis. Peço-te, que mantenhas tua mente aberta para tudo o que vou dizer, e assim poderemos fazer uma viagem proveitosa, e observo que sempre que retiramos
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Rotterdam, Erasmo de. Elogio da Loucura, Athena Editora, 2002, p. 17. Jédison Ronei