A variação linguistica na alfabetização
I- Introdução
Ao ingressar na escola, a criança percebe que sua língua, a falada que ela trouxe de casa, de suas interações, não é valorizada na escola. A norma lingüística instituída pela escola como padrão a ser aprendido e, portanto seguido, é uma língua estranha, quase estrangeira sob a ótica de uma criança de cinco ou seis anos de idade. A escola valoriza a língua escrita e não reconhece qualquer língua falada que se afaste do padrão instituído. As crianças das classes privilegiadas adaptam-se mais facilmente às expectativas da escola. Essa língua culta que a escola valoriza está distante do contexto social das crianças das classes populares. A criança quando chega à escola para ser alfabetizada, já domina uma norma lingüística. Ignorar esse conhecimento prévio é considerar a criança como um ser vazio que precisa aprender a “língua” portuguesa é, no mínimo um equívoco. Na escola, a desqualificação da linguagem do aluno pode se dar em dois níveis: no nível oral, por meio do bloqueio de sua expressão verbal, como resultado de correções inadequadas feitas pelo(a) professor(a), e no nível da escrita, por meio do impedimento de que o(a) aluno(a), durante a etapa inicial do processo de alfabetização, escreva foneticamente, de acordo com a variedade lingüística por ele(a) utilizada, a qual é considerada errada, em comparação com a norma padrão adotada como modelo. II – O Papel do Professor
De acordo com Franchi (1988) os erros ortográficos costumam ser tratados diferentemente pela escola, havendo maior discriminação quando as escritas fonéticas se baseiam na transcrição de formas lingüísticas não-padrão, utilizadas por alunos pertencentes às classes populares (por exemplo, escrever muié por mulher, óia por olha), do que quando os erros cometidos baseiam-se em meras arbitrariedades ortográficas do sistema ou em formas que estão mais próximas