A UNE e as eleições presidenciais de 2002: uma mudança na perspectiva do movimento estudantil
Luiz Alexandre Devegili
Resumo: A União Nacional dos Estudantes (UNE), com sua reconstrução em 1979, após o período de clandestinidade na ditadura militar brasileira, tem na sua atuação política no cenário nacional uma mudança após a virada do século. No início deste século, a entidade se posiciona como mediadora entre os estudantes e o governo. Este trabalho tem como objetivo analisar a modificação da intervenção política da UNE no movimento estudantil brasileiro após as eleições presidenciais de 2002.
Introdução
A história do movimento estudantil e da política brasileira está entrelaçada com a história da União Nacional dos Estudantes, a UNE. A entidade foi fundada em 11 de agosto de 1937, pelo então Conselho Nacional de Estudantes. Desde então, a UNE se organizou em congressos e participou de processos históricos do Brasil. Os primeiros anos da entidade foram marcados pelo intenso combate ao nazifascismo, ideologia com crescente adesão na época, e pelo apoio à participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados. Após a Guerra, a UNE se volta para questões nacionais, aliada aos movimentos sociais. Com a promulgação da Constituição de 1946, iniciou-se um debate entre dois setores da sociedade: o que defendia a participação de empresas estrangeiras na extração do petróleo brasileiro, e o que defendia o monopólio nacional. Em 1947 a UNE lança a campanha “O Petróleo é Nosso”, contra a exploração estrangeira do petróleo nacional; e em 1952 a entidade realiza uma grande mobilização por todo país reivindicando a criação de uma empresa estatal para a exploração do petróleo brasileiro, que desencadeou na criação da Petrobrás, em 1953. Na década de 50, a UNE participa das mobilizações sociais em prol de mudanças sociais profundas, muitas delas propostas pelo governo, como a reforma universitária. Além disso, a entidade mobiliza os