A tragédia contemporânea de "tudo pelo poder"
We aren’t in Ohio anymore...
Muitos leitores devem se perguntar, naturalmente, sobre o significado do título original de “Tudo pelo Poder”. Permitam-me explicá-lo. Ides é Ido em inglês. Os idos definem a metade – exatamente o dia 15, dos meses de março, maio, julho e outubro. Nos demais meses corresponde ao dia 13. Uma curiosidade que ninguém faz questão de saber – isso inclui a distribuidora nacional que traduziu o título com o ar de sensacionalismo.
Entretanto, o fato histórico mais interessante que assombra os idos até os dias atuais aconteceu durante o Ido de Março do ano 44 a.C. Naquela noite, no senado romano, Julio César foi friamente assassinado por vários de seus protegidos, entre eles Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino. Segundo o poeta Dante Alighieri, as almas de Brutus e Cassius ainda sofrem no Círculo da Giudecca - círculo mais profundo e implacável do Nono Círculo do Inferno, o reduto dos traidores.
O título original do filme fala por si só. Clooney definiu sua obra com apenas quatro palavras muito bem selecionadas. “Tudo pelo Poder” não é apenas um filme de disputas políticas em meio a corrida presidencial estadunidense. Ele é muito mais do que isso e certamente lhe deixará espantado ao termino da sessão.
O texto pode conter spoilers. Fique atento a isto.
O Gov. Mike Morris está confiante com sua candidatura a presidência estadunidense. Ele tem tudo o que a oposição não tem: carisma, um rosto simpático, marketing de qualidade e, principalmente, o jovem Stephen Meyers – o melhor assistente de campanha presidencial no mercado. Entretanto seu assessor-chefe, Paul Zara, inveja o sucesso rápido de seu protegée e não perderá a oportunidade de despedi-lo em qualquer momento oportuno. Apesar de seu talento, Meyers ainda é ingênuo para perceber a magnitude do jogo perigoso no qual trabalha. Tom Duffy, assessor do partido Republicano, percebe que o jovem é vulnerável e o convida para uma conversa casual. Tomado