A tessitura de relações entre o Estado e a estrutura agrária em Bolívia, Equador e Venezuela
Lucas Gama Lima
Estudante de Doutorado do Núcleo de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe (NPGEO/UFS)
Membro do Grupo de pesquisa Estado, capital, trabalho e as políticas de (re)ordenamento territoriais (GPECT/UFS)
Email: lucasaelima@yahoo.com.br
RESUMO
O fim das ditaduras militares na América Latina, que se realizou em meio à crise de valorização do capital mundial, produziu um arquétipo democrático pós-ditatorial, denominado de neoliberalismo, sobre os países latino-americanos, cujos efeitos foram: a insolvência das contas públicas – engessadas com os compromissos firmados com o capital internacional – e a impossibilidade de resolução dos históricos problemas nacionais, a exemplo da desigual estrutura agrária, ainda matizada pela luta de resistência dos campesinos e indígenas frente às investidas das multinacionais de alimentos e farmacêuticas, e a truculência dos haciendados ou terratenentes (latifundiários). A insatisfação dos povos do continente culminou em grandes mobilizações de massa e a eleição de governos de orientação popular em Bolívia, Equador e Venezuela. Síntese da combinação do desgaste do neoliberalismo entre a população do continente e a debilidade da ingerência militar estadunidense (ocupado com duas guerras no Oriente Médio), a eleição dos governos populares se realizou cercada por grandes expectativas de superação institucional do legado neoliberal. A veiculação da possibilidade de superação da ordem sócio-econômica vigente no continente por meio da ação estatal, apesar de não ser um fato inédito – uma vez que durante o governo chileno de Salvador Allende (1970 -1973) essa proposta encontrava-se presente em vários setores que o apoiavam – assume uma proporção sem precedentes na conjuntura atual, por dois motivos: há número maior de países envolvidos com essa perspectiva e mecanismos regionais de integração em