A Teoria Artística da Forma
Existe, da parte daqueles que buscam o estudo da arte do desenho, uma expectativa natural acerca de conhecimentos ou mesmo “segredos” dessa arte que presumidamente lhes dariam o poder de representar qualquer coisa visível ou imaginada. Quase sempre querem saber “como” se representa isto ou aquilo, este ou aquele objeto. Logicamente, a frustração vai sempre acompanhar essa expectativa, pois o conhecimento teórico da arte não é constituído por regras ou normas que, aplicadas, produziriam representações dos objetos do mundo visível. Se assim fosse, existiriam regras para desenhar animais, árvores, crianças, etc., que seriam utilizadas pelos artistas quando desejassem representar tais objetos. É isso o que prometem os livros didáticos de desenho que ostentam em suas capas os títulos: “como desenhar a figura humana”, “como desenhar paisagens”, “como desenhar retratos”, etc. Esses títulos refletem o senso comum, que entende o ato de desenhar como sendo o de desenho “de” alguma coisa e não como algo que é objeto por si mesmo e que tem um fim em si mesmo. Seguindo esse modo de considerar a produção artística, nas escolas de arte usa-se nomear algumas disciplinas de desenho segundo o objeto-modelo da aula. Assim, a aula em que a figura humana é objeto da representação, é chamada de “aula de modelo vivo”, como se o objetivo da aula fosse estudar a própria figura humana e não o entendimento do ato de desenhar com todas as suas implicações. O desenho é entendido como uma consequência do modelo apenas. Daí os estudos de anatomia, proporções, etc., que geralmente acompanham essas aulas. Deveríamos afirmar, entretanto, que essas aulas são “aulas de desenho com modelo vivo” e não “aulas de modelo vivo”, e o mesmo ocorre quando falamos em “aulas de paisagem” ou “aulas de