A televisão brasileira na produção da exclusão
Lília Junqueira
"‘Falar com simplicidade para que o povo compreenda.’ Na minha opinião isso é uma falta de respeito pelo público por mais subdesenvolvido que ele seja: ‘criar coisas simples para um povo simples.’ Ora, o povo não é simples. Mesmo se ele está doente, com fome, analfabeto, o povo é complexo".
Gláuber Rocha
"No al populismo" (1986), Hojas de Cine México - La Havane
Resumo
A televisão brasileira, no processo de comunicação social que realiza, ajuda a produzir a exclusão das classes e indivíduos desfavorecidos na sociedade de consumo. Este processo de exclusão se dá, não somente através do poder de decidir o que deve ir ao ar, mas ainda por dois mecanismos especiais. No primeiro, através da criação de uma determinada situação de linguagem, exclui-se os pobres pelo mecanismo de marginalização dos conceitos, códigos e modos de decodificação predominantes em sua experiência sócio-cultural . No segundo, a partir da divulgação para a sociedade como um todo de um estereótipo das classes e indivíduos excluídos, gera-se a percepção e compreensão reduzidas e deturpadas da real experiência de vida destas classes.
Palavras-Chave: Exclusão; Televisão; Comunicação; Interpretação.
1. A televisão é um elemento fundamental dentro do conjunto dos atuais meios de comunicação de massa, uma instituição básica da moderna vivência humana da cultura.
2. A mídia produz, partindo da experiência quotidiana da sociedade um universo de mensagens que representam essa experiência. Esse universo é um mundo paralelo ao mundo real e funciona como o "espelho" da sociedade feito por ela mesma. Filmes, documentários, artigos de jornal, novelas, literatura, são manifestações concretas da necessidade das nossas sociedades de verem a si mesmas. Ao exercer esse olhar cria-se o mundo do imaginário tecnológico, um mundo cada vez mais positivo ou concreto. Composta de técnica e ficção, a positividade do mundo imaginário é a mesma