A Tela
Se eu pedi a 10 pessoas para retratarem através de um desenho o momento da Independência do Brasil, tenho a absoluta convicção de que todas tentarão representar, copiar, ou recriar a tela “O Grito do Ipiranga” do pintor paraibano Pedro Américo.
A tela que ficou pronta em 1888, e segundo o historiador Alfredo Boulos Júnior“trata-se de uma pintura histórica encomendada pelo governo de D. Pedro II para exaltar D. Pedro I e rememorar o nascimento da nação e do Império Brasileiro.”
Bom, se esse era de fato o objetivo da encomenda, nem é preciso tecer comentários ou discutir se ela atingiu ou não o seu propósito.
Na realidade esta postagem tem por objetivo fazer uma análise crítica e simbólica desta imagem que é facilmente encontrada nos livros didáticos visando ilustrar o 7 de setembro de 1822. Para começarmos, é necessário clarificá-los de que Pedro Américo, embora tenha recorrido a pesquisas para saber de forma exata ou bem próxima disso, as condições geográficas e paisagísticas do riacho do Ipiranga, local do episódio conhecido como “O Grito do Ipiranga” (nome da obra), ou seja, aonde D. Pedro I teria bradado a famosa frase “Independência ou morte!”, o pintor recorreu sobretudo a sua imaginação para tentar recriar a histórica cena.
Pedro Américo dispôs harmoniosamente os personagens em sua tela, podemos até afirmar que artisticamente falando, “O Grito do Ipiranga” é uma obra magnífica. Para que se pudesse ganhar a conotação pretendida, foram necessárias algumas consideráveis alterações e/ou substituições, que pode até mesmo chegarem ao julgo de “grosseiras” se forem comparadas ao que teria de fato ocorrido naquele fim de tarde de 7 de Setembro de 1822.
O que ver-se ao centro da cena, é D. Pedro I de espada em punho, muito bem vestido e montando um vistoso cavalo como se estivesse preparado para enfrentar a possível ira portuguesa. Esta figura central