A Tale of Two Sisters e os mitos contemporâneos
A Tale of Two Sisters é um filme de terror/suspense baseado em um conto que conta a história de duas irmãs, após voltarem para sua casa (sendo, a principio, um mistério a razão de terem saído dela) com seu pai e, teoricamente, sua madrasta, presenciam acontecimentos estranhos, tais como assombrações e conflitos ilógicos entre os personagens, sem aparente explicação lógica. Após uma série de situações desesperadoras e, supostamente, inexplicáveis, Su-mi, a irmã mais velha, percebe que quase todos os conflitos que ocorreram na casa após seu retorno não passavam de fruto de sua imaginação traumatizada pela morte de sua mãe e irmã, e afetada por conflitos internos que ela tinha, como o fato de se sentir parcialmente culpada pelos acontecimentos que a levaram a desenvolver uma grave psicose.
Não há dúvidas da existência de uma relação entre a persistência contemporânea dos mitos e acontecimentos do filme que envolvem a presença de seres sobrenaturais (os fantasmas de Su-yeon, a irmã mais nova, e da mãe). Porém o objetivo de Ji-woon Kim, autor do conto e diretor do filme, certamente não era inserir os espíritos na obra com a intenção de associá-los com a lógica mitológica ocidental. Na Coréia do Sul e em outros países asiáticos, é extremamente normal a crença seres atormentados que conseguem agir em nosso mundo mesmo após a morte. Deve-se ter em mente que não se trata de uma comparação filosófica, e sim em uma crença tão absoluta quanto uma religião. Desconsiderar a existência dessa crença é a principal causa da incompreensão de diversos acontecimentos da obra.
De uma perspectiva ocidental, Su-mi assume três papéis em sua psicose: o papel de Su-yeon, o da madrasta e o seu próprio papel. Ela interagia consigo mesma da forma como ela acredita que a interação ocorreria caso Su-yeon e Eun-joo (a madrasta) estivessem presentes, e, nos momentos em que ela se encontra em situações inexplicáveis, ela convenientemente imagina