A Sorte Grande
Tragédia é a representação de uma ação elevada, de alguma extensão e completa, em linguagem adornada, distribuídos os adornos por todas as partes, com atores atuando e não narrando; e que, despertando piedade e temor, tem por resultado a catarse dessas emoções.
(Aristóteles, Poética, VI – 26)
Objetivo O objetivo deste trabalho é relacionar a identidade da pólis grega do século V a.C. com duas tragédias do período, mais especificamente Édipo-Rei e Antígona, de Sófocles, apontando aspectos relevantes e importantes desta associação.
Considerações Iniciais e Introdução Cabe, como palavras iniciais, que a leitura das tragédias em análise foi feita a patir de traduções para o português das peças em questão, certamente obras-primas na versão original em grego, nas quais provavelmente se conserva a força e o colorido da expressividade imaginada por seus autores – características ora diminuídas, ora perdidas, mesmo nas melhores traduções. Esta impressão foi notada mais fortemente no estudo e tradução doÉdipo Rei, feitos por Trajano Vieira, de uma edição bilíngüe da tragédia, no qual curiosos aspectos da versificação original são abordados. No entanto, os textos traduzidos servem de boa base para o presente estudo. Como o trabalho em questão visa a relação de obras de arte dentro de um aspecto da sociedade grega, é necessário apresentar uma breve e sucinta revisão de algumas características históricas mais importantes. Como bem aponta Jaeger em sua Paidéia, “já não é possível para nós uma história da literatura grega separada da comunidade social de que surgiu e à qual se dirigia” [1]. O gênero literário conhecido como tragédia grega possui nascimento, desenvolvimento, auge e morte dentro de um período muito peculiar da História da Grécia, o século V a.C.. Ésquilo, o primeiro grande tragediógrafo grego, começa sua carreira com a tragédia Os Persas