A solução de Karl Popper para o problema da indução
Júlio Fontana*
Resumo: Esse trabalho é um comentário ao primeiro capítulo da obra Conhecimento Ob-
jetivo de Karl Raymond Popper. Neste capítulo, Conhecimento Conjectural: minha solução do problema da indução, o filósofo, julga ter resolvido o problema da indução, o qual considera como um dos mais importantes problemas filósoficos que afligiram o século XX.
Não obstante, o foco desse trabalho estar sobre o pensamento popperiano, como o próprio filósofo denomina, a indução, na verdade, é o “problema de Hume”. Segundo o nosso epistemólogo há dois problemas na análise da teoria indutiva de Hume: o problema lógico e o psicológico. Resolver esses problemas, na verdade, é solucionar boa parte das dificuldades da teoria do conhecimento. Por isso, o pensamento popperiano é tão importante hoje para a disciplina de Teoria do Conhecimento, bem como para a filosofia em geral.
Palavras-chave: Filosofia – Teoria do Conhecimento – Indução – Popper.
1- A teoria do conhecimento e a indução em David Hume
1.1. A teoria do conhecimento
Hume1 divide a origem do conhecimento entre impressões e idéias:
Podemos, por conseguinte, dividir todas as percepções do espírito em duas classes ou espécies, que se distinguem por seus diferentes graus de força e de vivacidade. As menos fortes e menos vivas são geralmente denominadas pensamentos ou idéias. A outra espécie não possui um nome em nosso idioma e na maioria dos outros, porque, suponho, somente com fins filosóficos era necessário compreendê-las sob um termo ou nomenclatura geral. Deixe-nos, portanto, usar um pouco de liberdade e denominá-las impressões, empregando esta palavra num sentido de algum modo diferente do usual. Pelo termo impressão, entendo, pois, todas as nossas percepções mais vivas, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos.
E as impressões diferenciam-se das idéias, que são as percepções menos vivas, das quais temos