A Solu O O Caminho Do Meio
CYNARA MENEZES-free-lance para a Folha de S.Paulo
Hoje atuando no México como professora do Departamento de Investigações Educativas do Cinvestav (Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional), a psicolinguista argentina Emilia Ferreiro enviou, por e-mail, a seguinte resposta às críticas de Capovilla, reproduzida na íntegra, como solicita:
"O sr. Capovilla me atribui um poder que não tenho. Supõe que, do México, posso controlar o pensamento brasileiro? Ele é quem vive no Brasil. Despreza por acaso a capacidade de pensar, julgar e decidir dos educadores brasileiros? Ou quer jogar o conhecido jogo que consiste em dizer: 'Paulo Freire e Jean Piaget estão mortos (Emilia, desgraçadamente, ainda não morreu); olhem para mim, que sou o novo profeta'?
Entre uma técnica e uma teoria, há uma diferença que médicos e pesquisadores que usam a ressonância magnética e a tomografia computadorizada conhecem. Basta ler bem essas imagens para fazer um diagnóstico. Mas explicar o que essas imagens mostram é do domínio teórico. O sr. Capovilla promove técnicas, e seu método fônico é um 'remake' de métodos que têm mais de um século. Eu me ocupo de teorias. O método 'ideovisual' que ele me atribui não tem nada a ver comigo. Nunca me dediquei a inventar métodos nem a vender cartilhas. O que fiz foi pôr em evidência e tornar observáveis etapas importantes do desenvolvimento das crianças. Dediquei-me a mostrar e teorizar sobre o modo de pensar das crianças quando tratam de compreender a escrita. Superficialmente, e porque ele me cita, parece que falamos do mesmo. Mas ele fala de uma técnica (milagrosa, ao que tudo indica), e eu falo de crianças. Não há debate possível."
Co-autora dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, a psicóloga e pedagoga Rosaura Soligo explica que Emilia Ferreiro foi "uma das influências, mas não a única" na elaboração do documento. Segundo ela, as críticas de Capovilla são injustas ao