A solidao
A desconfiança, portanto é uma postura infantil, escondendo uma fragilidade e inferioridade de uma criança impotente e dependente de um mundo gigante e ameaçador. Desconfiança é medo. É ansiedade. É preocupação com o que pode nos acontecer. É até natural em uma criança desamparada essa forma de enxergar o mundo. À medida, porém, que fôssemos crescendo essa visão pessimista teria de ser substituída gradualmente por uma percepção mais realista: Nem todas as pessoas são como aquelas de nossas primeiras experiências de relacionamento e já dispomos de mecanismos com os quais podemos nos defender, uma vez adultos e com autonomia.
De uma forma generalizada do bem ou do mal, migramos, pouco a pouco, para a realidade dualista do mundo, onde existem pessoas, incluindo nós, boas e más ou então, ora boas ora más. A conseqüência principal desse modo de encarar as coisas é a necessidade de aprendermos a lidar com essa realidade, ao invés de, passivamente, temermos o que pode nos acontecer.
O próprio conceito de confiança que nos foi passado nos distancia desse sentimento. Acreditamos, em geral, que confiar em alguém é ter “certeza” do seu comportamento futuro com relação à nós. Quem confundir confiança com “certeza”, jamais poderá confiar, pois o amanhã do outro é um grande desconhecido até para ele mesmo. Se a marca fundamental do homem é sua liberdade, jamais saberemos antecipadamente o comportamento de alguém. O desconfiado sofre pelo seu desejo de certeza. Não é a dúvida que nos enlouquece, mas a vontade de saber com