a sociedade individualizada
A Sociedade Individualizada
Zigmunt Bauman
Primeira parte
INTRODUÇÃO
O homem sempre foi e será confrontado com sua natureza e tentará transcender seu iminente e fático destino, não podendo efetuar tal proeza por não poder não saber, e embora tente a natureza lhe empurrará para baixo. A liberdade do homem está no exorcismo do espectro de sua mortalidade.
O conhecimento da mortalidade, segundo Zigmunt Baumam “dispara o desejo pela transcendência”, cujas formas são: “a ânsia de forçar a vida, admitidamente transitória, a deixar traços mais duradouros, ou o desejo de provar esse lado do limite das experiências mais fortes do que a morte da vida transitória.” (BAUMAM, 2001, pg. 09).
O serviço que a sociedade presta ao indivíduo é indispensável por permitir a fuga fácil de algo durável da natureza através da transcendência do indivíduo. Sociedade na definição de Zigmunt Bauer é outro nome que se dá a “compartilhar”, sendo que esta possui o poder de dignificar o que foi “aceito e compartilhado.” “Ela é a desafiadora criação de significados, um mito vivo de significados da vida humana”, na acepção de Becker.
A sociedade é a responsável por fornecer ao indivíduo um caminho para a transcendência da consciência da sua condição de natureza, de seu eterno destino, as construções de seus significados devem proporcionar e levar o indivíduo a experimentação da imortalidade dentro de uma vida mortal, uma imortalidade metafórica ou metonímica que “molde a vida às semelhanças das formas que concordamos estar dotadas de um valor imortal ou entrando em contato e se associando a coisas que, por um acordo, são destinadas a eternidade” (BAUMAM, 2001, pg 09). O desejo natural e consciente pela transcendência produz uma energia que alimenta a sociedade, e esta, por sua vez capitaliza essa energia ao produzir:
...“objetos verossímeis de satisfação, sedutores e dignos de confiança para instigar esforços que façam sentido e dêem sentido a vida; esforços que