A SOCIEDADE DOS EXTREMOS: TRANSTORNOS ALIMENTARES NA CONTEMPORANEIDADE
2746 palavras
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A SOCIEDADE DOS EXTREMOS: TRANSTORNOS ALIMENTARES NACONTEMPORANEIDADE
Introdução
Para Gestalt-terapia a concepção do homem é a de um ser particular, concreto, único, consciente, responsável e relacional. A sociedade moderna privilegia o consumo e a imagem, o “ter” em detrimento do “ser”, sendo que o valor moral recai sobre o que as pessoas possuem mais do que sobre o que são ou o que representam.
Nas sociedades de consumo, o corpo é tido como objeto e é submetido a dietas rígidas, cirurgias plásticas, cosméticos e exercícios físicos em excesso para se aproximar do ideal de perfeição culturalmente disseminado. Estas rotinas dedicadas ao corpo aos poucos começaram a fazer parte do cotidiano da população, sem que esta nem mesmo reflita ou critique tais atividades e apenas as execute de forma automática.
A cultura ocidental difunde um ideal de beleza feminina centrado na magreza e alcançá-lo significa ter sucesso, competência, autocontrole e ser sexualmente atraente.
Gestalt e Contemporaneidade
A Gestalt-terapia funda-se como uma abordagem que entende e valoriza a indivisibilidade entre indivíduo e contexto. A Teoria de Campo, um de seus fundamentos teóricos básicos, preconiza um homem ‘mutante’ que se reconfigura no tempo e no espaço. Além disso, a relação com o campo não é uma relação passiva. O indivíduo é, nesta troca, determinado e determinante.
Diante do vazio de modelos a serem seguidos o mercado é o único ‘modelo’ que resta e que possui as características necessárias para não ser nem percebido como um modelo impositivo e externo ao indivíduo, mas que, por isso mesmo, se imiscui na existência social de maneira sutil, mas perturbadora. Neste sentido, se antes o indivíduo estava alienado num mundo de obrigações coletivas segundo as quais, precisava seguir fielmente os dogmas da religião e da tradição, hoje, corre o risco de alienar-se na filosofia do ‘cada um por si’, na qual repete de forma mecânica uma