A sociedade de risco e a ética a nicomaco

13.06.2013
B) (i) A situação em questão é muito comum num contexto democrático e de alta complexidade social. O conflito de interesses muitas vezes completamente antagônico se dá diante da realidade de uma sociedade intensamente estratificada. Cada uma das partes envolvidas neste caso busca o que, aos seus olhos, lhe é justo, atendo-se fiel aos seus propósitos. Ora, nada mais natural, uma vez que, conforme conceito aristotélico “(...) entendemos por justo num certo sentido o que produz e salvaguarda a felicidade, bem como as suas partes componentes para si e para toda a comunidade”1. Analisando individualmente cada um dos posicionamentos, é possível identificar que divergem nas categorias de justiça definidas por pensadores ilustres.
Para os planejadores da Agência Reguladora, por exemplo, o conceito de justiça deve resvalar naquele proposto por John Rawls: “Considero por conseguinte que o conceito de justiça se define pela atuação de seus princípios na atribuição de direitos e deveres e na definição da divisão apropriada de vantagens sociais. É um conceito de justiça que pende para a distributiva, nos termos de Aristóteles. Ou seja, a Agência Reguladora, com sua política, considera que para que se atinja a justiça, deve-se combater a desproporcionalidade no abastecimento de água, fornecendo meios para que os que pouco recebem possam indiretamente se equiparar aos que têm o recurso com fartura. Desta forma, a fim de obter a “paridade de armas” e portanto, a equidade, nada mais justo, segundo o raciocínio deste ente, do que as medidas tomadas, proporcionais aos contributos individuais de cada um.
Quanto às empresas privadas concessionárias do serviço de distribuição de água, as associações de moradores e os hotéis de luxo e outras entidades de turismo, nota-se uma visão mais corretiva de justiça, mais pautada pelas relações entre particulares, condizentes com entidades que visam mais direitos individuais. Logo, nada mais natural do que verem como justo o