A sociedade de corte
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fD não era um fenômeno único, segundo a medida da unicidade e excepcionalidade do indivíduo singular. Por Jsso, no sentido tradicional, a pesquisa histórica só pode ser rotulada como ciência que trata de fenômenos únicos e individuais sob a condição de não incluir problenias sociológicos como esses em seu campo de investigação. Como se vê, a determinação da singularidade, mesmo no caso de um rei, permanece fragmentária e incerta sem a investigação da posição do rei, que não é singular e individual no mesmo sentido.
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A sociedade de corte
Introdução: sociologia e história
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Com isso, categorias como singularidade e repetição no tempo são, enfim, apenas sintomas de propriedades estruturais dos nexos de acontecimentos a que esses conceitos se referem. Quando passamos da camada dos acontecimentos individuais e singulares para a camada mais abrangente que abarca também as posições e figurações sociais dos indivíduos, então abrimos caminho para um tipo de problema que fica oculto e inacessível, caso nos limitemos a problemas históricos individualistas. Com auxílio de uma investigação sistemática das figurações, é possível mostrar, por exemplo, que um homem na posição de rei, mesmo no tempo de Luís XIV, não exercia de forma alguma um poder "absoluto", se entendemos por essa designação que suas ações e seu poder não tinham nenhum limite. O conceito de "soberano absoluto" dá uma falsa impressão, como se verá. Considerada sob essa ótica, a investigação da posição social de um rei absoluto pode contribuir para o esclarecimento de problemas mais abrangentes, que já foram mencionados em parte: como é possível que um único homem, decidindo direta ou indiretamente o destino de centenas de milhares, talvez até milhões de homens, consiga conservar por anos a fio sua posição como soberano e o grande raio de alcance de suas decisões proporcionado por essa posição? Que desenvolvimento de uma