A sobrevivencia
Desde os tempos clássicos do florescimento da cultura ocidental, o trabalho veio passando por construções e interpretações variáveis. Se no período pré-socrático (VI a V a.C.) havia uma noção que associava de maneira harmoniosa técnica e especulação abstrata, esta visão não durou através dos períodos seguintes. Era comum na Grécia de então que as classes ligadas à manufatura, ao artesanato e atividades comerciais tivessem respeito social e até detivessem o poder nas polis. Sólon, um grande reformador das leis em Atenas, chegou a estabelecer que nenhum filho teria obrigação de garantir a subsistência e o amparo a seu pai na velhice se este não houvesse lhe ensinado um ofício, indício que demonstrava a importância de uma profissão e do trabalho na sociedade grega naquela época. Um conflito conceitual em torno do trabalho foi travado ainda na Grécia. De um lado debatia-se a noção de que o trabalho deveria ser valorizado por ter relação ao conhecimento, de outro lado, contudo, o trabalho era desvalorizado como uma atividade inferior relativa à sua prática física irrefletida e mecanizada e a segunda perspectiva acabou prevalecendo. A técnica se afastou da abstração, o trabalho físico, em conseqüência, se divorciou do trabalho intelectual. A escravidão e o emprego de cativos no