A Sexta Meditação
Uma vez constatada essas definições, na sexta meditação, Descartes trata de enfrentar o problema da realidade material. As coisas materiais, vistas sob a ótica da geometria, aparecem de forma clara e distinta. O que as tornam passíveis de existirem realmente. A clareza e distinção de uma ideia definem a possibilidade ou não de uma coisa. Quando tais requisitos não são satisfeitos, o juízo deve ser suspenso. Pela imaginação, é permitido afirmar a probabilidade da existência de algo [4].
A imaginação consegue manifestar a presença de objetos simples ao espírito, enquanto a pura intelecção possibilita conceber coisas mais complexas. Um pentágono, por exemplo, pode ser concebido e ter seus lados e área imaginados claramente. Já um quiliógono só é pensado conceitualmente. Assim, algo, além do espírito, pode ser presumido previamente, quando se une imaginação e intelecção, como faculdades mentais [5].
Uma segunda presunção decorre disso. A imaginação, para existir, depende de uma coisa fora do espírito. A pura intelecção, ao contrário, não depende de mais nada, pois é a essência do ser pensante. No campo das conjecturas, a imaginação permite sustentar a probabilidade de algum corpo existir [6].
Os sentidos, por sua vez, fornecem à imaginação os elementos externos à concepção para formação das coisas corpóreas. Uma investigação mais