A serpente e o satanas
Disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste;sendo alguém mordido por alguma serpente,se olhava para a de bronze, sarava. (Nm 21,8-9).
Primeiramente, devemos encontrar a definição para a palavra serpente citada em
Gênesis. Kardec, em esclarecendo sobre o seu significado, disse:
A palavra nâhâsch existia antes na língua egípcia, com o significado de negro, provavelmente porque os negros tinham o dom do encantamento e da adivinhação. Foi talvez por isso também que as esfinges, de origem assíria, eram representadas com a figura de um negro.
Não foi senão na versão dos Setenta – que, segundo Hutcheson, corromperam o texto hebreu em muitos lugares, - escrita em grego no segundo século antes da era cristã, que a palavra nâhâsch foi traduzida para serpente. As inexatidões dessa versão, sem dúvida, prendem-se às modificações que a língua hebraica sofrera no intervalo; porque o hebreu do tempo de Moisés era então uma língua morta, que diferia do hebreu vulgar, tanto quanto o grego antigo e o árabe literário diferem do grego e do árabe modernos. (KARDEC, 1993, p. 219).
Até hoje não conseguimos entender o porquê dos teólogos estarem sempre relacionando, no episódio da tentação de Eva, a serpente a satanás. Isso para nós é muito estranho, pois, sabendo que Jesus nos recomenda sermos “prudentes como as serpentes”
(Mt 10,16), fato que torna sem sentido algum essa correspondência. Quem admitir a correlação entre a serpente e satanás fatalmente estará colocando Jesus numa situação insustentável, já que Ele, ao nos recomendar ter essa qualidade da serpente, estaria admitindo que satanás também possui a qualidade da prudência. E, além disso, não sabemos por que cargas-d’água, de contínuo, colocam essa palavra (serpente) com a inicial maiúscula, o que veementemente repudiamos; por isso nós sempre a