“A sentença”, de ataliba de castilho, e algumas reflexões
RESUMO: A obra A língua falada no ensino do português (2003), de Ataliba de Castilho, propõe-se como uma possível fonte de inovação para o ensino de língua portuguesa defendendo o estudo compartilhado do português escrito e do português falado. Mediante a leitura do terceiro e último capítulo do livro, “A sentença”, resenhado neste relatório, é notável a tentativa explícita e segura do linguísta de romper com o aspecto unicamente normativo sobre o ensino de Português, no Brasil; ou de pelo menos afrouxá-lo, ao colocar o tema em debate.
Palavras-chave: sentença; língua falada; ensino de Português.
No capítulo “A sentença”, Castilho (2003) trata daquilo que é objeto de estudo para a Sintaxe, como o próprio título sugere. Para ele, a sentença é uma projeção sintática das propriedades de subcategorização de um verbo, isto é, o verbo é o elemento central da sentença pois provém dele a construção da hierarquia dos elementos gramaticais, que funcionam como estruturas argumentais. Tais estruturas são repartidas em internas e externas. Os argumentos internos são aqueles que dependem da semântica do verbo escolhido para uso; os argumentos externos dependem, por sua vez, da flexão verbal e de elementos extralinguísticos. Vejamos o exemplo a seguir, presente no capítulo: O livro pertence ao aluno (CASTILHO, 2003, p. 96) Identificando o verbo (“pertencer”), percebemos que ele traz consigo a necessidade do uso de preposição (“a”), pois tem-se a ideia de algo pertencer à alguém. O algo a que se refere o exemplo é o livro e o alguém, o aluno. Tendo isso em mente, vemos que o que se posiciona após a preposição, neste caso, depende diretamente do verbo, pois caso seja retirado da sentença, esta terá perdido a finalidade – a quem pertence o livro? Essa mesma sujeição não ocorre com o livro, que se encontra fora do sintagma verbal formando seu próprio sintagma, o nominal; sua dependência está na flexão do verbo.