A Seguir S O Reproduzidos Alguns Trechos Do Poema
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
[...]
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Escreva um texto, com suas próprias palavras, fazendo uma análise sobre o que especificamente Castro Alves estava se referindo neste trecho do poema. Existe uma ponte entre o tema do poema e a nossa atualidade? Hoje, a escravidão do homem pelo homem foi realmente extinta?
O poema "Navio Negreiro” de Castro Alves, representante da 3ª geração do Romantismo, narra as más condições as quais o negro foi submetido na época da escravidão.
O Brasil estava num período de crise, pois a Lei Eusébio de Queiroz, que proibia o tráfico negreiro, há pouco havia sido outorgada. Tal lei, todavia, não era cumprida plenamente e, apesar de dificultar o tráfico de escravos, não o extinguiu e elevou os preços desta "mercadoria".
O poema frisa bastante a ideia de como o negro era "simples, forte e bravo" em seu passado, quando possuía a liberdade. Com o inicio da escravidão do mesmo, o negro se tornou fraco, pois foi domado pelos brancos e foi obrigado a viver em condições precárias, especialmente no "navio negreiro", que os transportavam e dá título à obra.
O negro foi submetido a essas más condições devido ao fato do branco se considerar superior. Esta superioridade, fortalecida com os anos que a escravidão foi caráter do Brasil, pode ser observada nos dias atuais, através do preconceito racial que muitos negros sofrem.