A Salva O Na Perspectiva Agostiniana
Leonardo Miranda
Para Agostinho, a única fonte de salvação da humanidade é a graça de Deus que se manifestou na cruz, na obra de Cristo, cujo resultado é a expiação pelos pecados; e por meio da fé nele o homem pode participar da graça. De acordo com este Pai da Igreja, a graça divina possui três funções básicas:
Ser preveniente
A graça atua na vida humana antes mesmo da conversão, ela é preveniente, isto é, “vem na frente” da humanidade preparando a vontade humana para a conversão, de modo que esta graça não se torna operante na vida de uma pessoa somente depois de sua conversão; muito pelo contrário, é justamente esta graça que possibilita a conversão.1
Ser operativa
A graça é operativa indicando que ela é preveniente não dependendo de nenhuma cooperação humana para preparar corações para a conversão. Isto significa que Deus opera a conversão dos pecadores sem que haja a menor participação deles, pois estão escravizados pelo pecado. Assim sendo, a conversão é um processo puramente divino no qual Deus toma a iniciativa de agir sobre o perdido.
Ser cooperativa
Depois de ter alcançado a conversão do pecador libertando a sua vontade do jugo do pecado, Deus colabora renovando a disposição do recém-regenerado e incentivando-o a crescer em santidade. Este incentivo sobre a vontade livre humana é um ato de graça cooperativa da parte de Deus.
Em síntese, a função da graça é mostrar que Deus perdoa os pecados e regenera o ser humano restaurando a comunhão perdida com o próprio Deus. Daí Agostinho afirmar que, depois da conversão, o mal produzido pelo pecado só pode ser curado pela graça de modo que a vida retorna criando uma nova vontade no homem: a má vontade que orientada em direção aos desejos desenfreados é substituída pela boa vontade e o homem pode, a partir de então, obedecer aos mandamentos de Deus com o auxílio da graça divina.2
O processo subsequente a mudança da vontade é a condução para a