A rotina nas pedagogias da educação infantil dos
Os séculos XIX e XX estabeleceram um corpo de saberes e fazeres que possibilitaram tanto a construção social do conceito de infância como a constituição de instituições de educação infantil e de pedagogias para educá-la e cuidá-la. A categoria rotina emerge como o núcleo central em que operam essas pedagogias. É possível afirmar que os grandes temas em torno do quais se sustentam os discursos políticos e técnicos sobre as pedagogias da educação infantil podem ser resumidamente definidos como: a existência de um discurso que institui um estatuto para a infância; a organização de espaços sociais adequados para a educação e cuidado das crianças; o nascimento de um profissional para atuar na educação infantil; a definição de valores para a socialização das crianças derivados de algum tipo de compreensão sobre a educação; a criação de instrumentos de trabalho e alternativas de intervenções; a seleção de metodologias e de conteúdos; a produção de materiais e equipamentos educacionais; as decisões sobre a organização espacial; as discussões sobre os usos do tempo; a organização da vida cotidiana das instituições e das pessoas sob a forma de rotina. Para Gagnebin (1996, p.84), a reflexão sobre a pedagogia nasceu conjuntamente com a reflexão filosófica no pensamento de Platão. A partir dos escritos desse filósofo, emergiram as duas grandes correntes que, ao longo dos séculos, nortearam as discussões sobre a educação. Apesar de à primeira vista parecerem contraditórias, “essas duas linhas podem conduzir, em contextos diferentes, o discurso pedagógico de um mesmo pensador” (p.85). Conforme a mesma autora, nas Leis e em várias partes da República, Platão trata a infância como um mal necessário, uma condição para tornar-se um cidadão e, para ter sucesso nessa transformação é preciso que a criança seja corrigida, guiada do abandono das paixões e encaminhada para a