A Revolução Urbana
A transformação das aldeias neolíticas em cidades populosas, com divisão do trabalho, comércio e artesanato desenvolvidos, organizadas politicamente como Estados, só foi possível devido ao desenvolvimento das forças produtivas observado entre 6000 e 3000 a.C., quando os homens acumularam enorme soma de conhecimentos técnicos: a utilização da força de tração animal - o boi - e dos ventos, o uso do arado, do carro de rodas e do barco a vela, a fundição do cobre e, mais tarde, a fabricação do bronze [...], o desenvolvimento de um calendário aperfeiçoado. A nova economia urbana exigiu a escrita, os processos de contagem e os padrões de medida.
A passagem da Barbárie à Civilização ocorreu primeiramente na faixa geográfica que corresponde ao Oriente Próximo: do Vale do Nilo e do Mediterrâneo Oriental, passando pela Síria e pelo Iraque (Mesopotâmia) até o Planalto Iraniano e o Vale do Indo. Nessas regiões, de vales aluvionais e áreas desérticas e semidesérticas, o trabalho coletivo de um grande número de trabalhadores era a condição necessária para regularizar o curso dos rios, drenar pântanos, construir canais de irrigação, enfim, recuperar o solo para a agricultura.
Sendo regiões cortadas por grandes rios, que anualmente renovavam as terras aráveis, facilitou a sedentarização das populações.
Para se dar a passagem para a nova economia, fizeram-se necessárias a produção e a acumulação de excedentes para alimentar o grande número de trabalhadores empenhados nas obras coletivas, que não produziam diretamente o alimento que consumiam enquanto realizavam aquelas tarefas. Essa reserva de alimentos foi uma das precondições para a transformação da aldeia em cidade, conquistando novos territórios adjacentes, que antes eram pântanos ou desertos.
Além disso, a dependência dessas populações dos canais de irrigação impôs, de certa forma, a solidariedade do grupo: o acesso aos canais podia ser vedado àqueles que violassem as normas vigentes - a água podia ser