A revolução russa e a perestroika
A Rússia de 1917 passou por duas revoluções, uma de caráter liberal-burguês (em fevereiro) e uma de perfil socialista (em outubro).
Naquele inicio de século, a sociedade européia desencantava-se com o rumo dos Estados capitalistas. Além das profundas desigualdades existentes nas exuberantes sociedades de belle époque, as disputas entre as potencias imperialistas lançaram o mundo na I Guerra Mundial, iniciada em 1914. Nesse sentido a Rússia passou a ser vista como o berço de uma nova organização social, política e econômica.
A Revolução Russa de outubro de 1917 levou ao poder uma facção política – os bolcheviques – identificada com o socialismo marxista. Essa facção liderada por Lênin iniciou a construção de um modelo de Estado socialista e fundou a União Soviética (URSS), que ao longo do século XX, chegaria à condição de superpotência mundial.
O Antigo Regime Russo
No fim do século XIX, a Rússia não havia passado pelas reformas ocorridas na Europa Ocidental a partir do fim da Idade Moderna. Na política, vigorava ainda o absolutismo, personificado na figura do czar, o imperador russo, que tinha caráter místico-religioso e tomava todas as decisões administrativas.
A servidão feudal fora abolida em 1861, e no início do século XX, a Rússia abrigava quase 175 milhões de habitantes (dos quais 85% viviam no campo), e metade da renda produzida no país vinha da agricultura, enquanto a produção industrial não chegava a 20%. Portanto se tratava de um país com estruturas sociais e econômicas tipicamente agrárias. A maioria das terras pertencia à nobreza – os boiardos – e ao clero da Igreja Ortodoxa.
A industrialização, tardia, era um fenômeno recente, restrito a algumas cidades. Por depender do capital de outros países, a Rússia não foi capaz de produzir uma burguesia local forte. O proletariado, ao contrário, embora também fosse pequeno, organizou-se de forma sólida e combativa, mantendo vínculos estreitos com as massas camponesas. Entre esses