A revolução papal
4.1 Antecedentes
No período anterior ao século XI, o clero da Igreja Católica Apostólica Romana estava mais submetido às autoridades seculares (imperadores, reis e senhores feudais) do que à autoridade dos papas. O colapso da autoridade central na Europa Ocidental durante esses séculos (XI e XII) – uma vez que os monarcas se viram incapazes de conter as ondas invasoras vikings, magiares e mulçumanas – ofereceu aos poderosos proprietários de terras a oportunidade de estenderem a sua autoridade sobre igrejas, mosteiros e até mesmo dioceses. Desse modo, os abades dos mosteiros, os párocos e os próprios bispos eram indicados por leigos, em vez de o serem pela Igreja. (WOODS, 2008, p. 179)
As autoridades eclesiásticas possuíam o “beneficio”. Este era a possibilidade dada a elas de indicarem candidatos aos cargos eclesiásticos. Disso resultou prejuízo para a Igreja:
Na França, os primeiros reis Capetos – de modo a angariar proventos importantes para as tesourarias régias – tinham adquirido o hábito de vender pelos melhores preços os cargos eclesiásticos reais que estavam sob seu controle, e com freqüência impunham pela força os candidatos episcopais de sua preferência. Na Inglaterra, as aristocracias locais da primeira metade do século XI haviam praticamente se assenhoreado das dignidades eclesiásticas. Após a conquista de Guilherme I em 1066, o controle da situação passa ao poder régio, que distribuíra os assentos episcopais aos clérigos normandos, mas assegurara a sua sujeição à coroa. (ASSUNÇÃO, 2009, p.60)
Essas autoridades não apenas lucravam com a indicação dos candidatos como também, após a consagração, estes deveriam aos reis e imperadores o pagamento de uma série de tributos e outros serviços. Assim, a Igreja havia se transformado em um meio de obtenção de riquezas para pessoas pouco interessadas na piedade religiosa.
A ingerência leiga na administração interna da Igreja se fazia sentir de outras maneiras. Além do