A Revolução dos Bichos de George Orwell e seu contexto histórico.
O livro Revolução dos Bichos (Animal Farm) de George Orwell foi publicado em 1945, ou seja, no ano em que os Estados Unidos da América bombardearam as cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, pondo fim oficialmente ao conflito armado que ficou conhecido como Segunda Guerra Mundial. Isso nos diz muito sobre o contexto pessimista em que se passa a história. Muitos escritores e pensadores libertários e de vanguarda puseram-se a pensar os motivos e implicações da capacidade humana de destruição em massa. A tirania e crueldade eram notícias recentes e constituem, de certa forma, ainda hoje, uma ferida aberta e uma ameaça no imaginário da civilização.
O filósofo Theodor Adorno, por exemplo, lançou em 1949 a famosa frase “escrever poesia depois de Auschwitz é um ato de barbárie” , no desenrolar das reflexões da Teoria Crítica sobre a culminância da dialética da razão instrumental, que, para progredir e se objetivar no mundo, precisa auto-mutilar o homem, chegando a ponto de criar maquinarias e bombas suficientes para extinguir a vida humana na terra.
A URSS, uma das grandes potências vencedoras da guerra, foi a principal responsável por varrer a ameaça nazista, porém, se colocou numa posição antagônica em relação à outra potência, a dos EUA, dando início ao período conhecido como Guerra Fria, que é geralmente delineado até 1989, com a queda do Muro de Berlim. Não é de espantar, portanto, que o líder soviético Stálin tenha sido pintado posteriormente, com base, é claro em várias evidências históricas, como um tirano tão sanguinário e totalitário quanto o que ajudou a derrubar, ao custo do sangue de cerca de vinte milhões de russos combatentes no conflito.
Stálin e o stalinismo são os grandes protagonistas da novela de Orwell. Esta é uma alegoria do início e dos desdobramentos da Revolução Russa de 1917, com a tomada de poder por parte do Partido Bolchevique. Havia, na derrota do czarismo por parte dos