A revolução de 30 e a cultura
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O movimento de outubro foi um eixo e um catalisador: um eixo em torno do qual girou de certo modo a cultura brasileira, catalisando elementos dispersos para dispô-los em uma configuração nova. Neste sentido foi um marco histórico, daqueles que fazem sentir vivamente que houve um “antes” diferente de um “depois”.
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Com efeito, os fermentos de transformação estavam claros nos anos 20, quando muitos deles se definiram e manifestaram. Mas como fenômenos isolados, parecendo arbitrários e sem necessidade real, vistos pela maioria da opinião com desconfiança e mesmo animo agressivo. Depois de 1930 eles se tornaram até certo ponto “normais”, como fatos de cultura com os quais a sociedade aprende a conviver e, em muitos casos, passa a aceitar e apreciar. Não se pode falar em socialização ou coletivização da cultura artística e intelectual, porque no Brasil, as suas manifestações em nível erudito são tão restritas quantitativamente que vão pouco além da pequena minoria que as pode fruir, porém depois de 1930 houve um alargamento de participação dentro do âmbito já existente, que por sua vez se ampliou. Os anos 30 foram de engajamento politico, religioso e social no campo da cultura. Mesmo os que não se definiam explicitamente, e até os que não tinham consciência clara do fato, manifestaram em sua obra esse tipo de inserção ideológica, que dá contorno especial a fisionomia do período.
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O caso do ensino é significativo, não foi o movimento revolucionário de 30 que começou as reformas; mas ele propiciou sua extensão por todo o País. Todas essas reformas visavam a renovação pedagógica consubstanciada na designação de “escola nova” que representava posição avançada no liberalismo educacional, e que por isso foi combatida as vezes violentamente pela Igreja, então muito aferrada não apenas ao ensino religioso, mas a métodos tradicionais. As ideias e aspiração dos grupos reformadores dos anos