A Revolução Cubana na encruzilhada: a crise dos anos 90 e as alternativas- elementos para um debate ignorado
Marcos Antonio da Silva1
Guillermo A. Johnson2
Anatólio Medeiros Arce3
Resumo
O presente trabalho analisa o desenvolvimento econômico de Cuba nos anos
90, o período mais agudo do processo de transição socialista instaurado no país pela Revolução de 1959. Para tanto, apresenta, brevemente, os contornos da crise econômica profunda que o país enfrentou na primeira metade daquela década, depois da derrocada do socialismo soviético e da perda dos parceiros comerciais tradicionais. Em seguida, apresenta as principais medidas adotadas pela liderança cubana para enfrentar tal situação, considerando as iniciativas na esfera econômica e a reorientação do padrão produtivo do país. Finalmente, analisa o êxito relativo de tais medidas e discute as razões da persistência do modelo de transição socialista na ilha caribenha.
Palavras-Chaves: Revolução Cubana; Reformas Econômicas; Transição
Socialista.
Introdução
Nos anos 90, Cuba enfrentou sua mais profunda, e inesperada, crise desde o advento da Revolução. Neste sentido, é emblemática a retomada da metáfora elaborada por Sarte (1986) nos anos 60, de que tal revolução havia produzido um furacão sobre o país, ressaltando as mudanças na estrutura social, política e econômica produzida por esta. Da mesma forma, pode-se apontar que, nos anos 90, um novo (e inesperado) furacão atinge o país, a implosão do socialismo soviético e a desintegração da URSS, que até então havia fornecidos os recursos econômicos e militares que possibilitaram a manutenção e desenvolvimento desta.
1
Doutor, Professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN). Membro do LIAL (Laboratório Interdisciplinar de Estudos sobre América Latina).
2
Doutor, Professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD) e do Mestrado em Geografia. Coordenador do