A ressocialização no sistema prisional
PENSANDO OS MODOS DE VIDA DOS FAMILIARES DOS REEDUCANDOS DO PRESÍDIO ESTADUAL DE CRUZ ALTA1
1.1 Aproximação com o tema
A prática de estágio no Presídio Estadual de Cruz Alta (PECA) possibilitou-nos perceber que entrar em um estabelecimento prisional para trabalhar com os reeducandos é bastante complexo, pois a prisão exerce nos indivíduos um poder disciplinar de vigiar e controlar, poder que se renova e se transforma em cada época, utilizando os mais variados métodos que vão desde a violência física até a aplicação dos princípios de ressocialização. Esta passagem de um método para outro não é apenas a passagem de uma penalidade a outra diferente. É a passagem de uma arte de punir a outra não menos científica que a anterior, uma estratégia para o remanejamento do poder de punir, tendo como finalidade tornar a punição mais eficaz e regular, detalhando seus efeitos e diminuindo o custo político. (FOUCAULT, 1975).
Comprovamos este poder normatizador2 da prisão em nosso primeiro dia de estágio quando não foi permitida nossa entrada na galeria onde ficava a sala do Serviço Social, pelo motivo de o administrador não estar presente no estabelecimento, deixando claro o poder hierárquico exercido inclusive sobre os agentes. Normas também nos foram impostas pela segurança, na maneira de vestir e mais indiretamente na maneira de agirmos junto aos reeducandos, caracterizando assim o princípio de que a prisão deve reconstruir os sujeitos atenuando sobre o intelecto, à vontade e as disposições.
Esta relação normatizante da prisão acabou atenuando também sobre a nossa vontade e as nossas disposições fazendo-nos aproximar do tema família. Quando chegamos ao estabelecimento em um dia para realizarmos o estágio e já estava registrada em ata a proibição de nossa entrada no PECA, sem sequer comunicar a Assistente Social desta medida. Isto se deu devido ao fato do convênio com a Secretaria da Justiça e Segurança do Rio Grande do Sul, através da Superintendência de